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Diz à mãe para migar as sopas ...

Diz à mãe para migar as sopas ...

É UMA VERGONHA O QUE SE PASSA NO NOSSO PAÍS!

28.11.18 | Paulo Brites

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fotografia: Navegantes de Ideias

 

O blog Diz à mãe para migar as sopas ...  existe desde Janeiro de 2016. Durante todo este tempo, somente por 3 momentos, partilhei textos completos de outros blogs ou de outros autores. Hoje será a 4ª vez que o farei ... mas desta vez, somente partilharei o link ...

 

O Tema e o assunto, bem como o texto magnificamente escrito pela sua autora, merece o meu destaque e partilha ... é uma tristeza sentir que o Estado Português é só  bla ... bla ... bla ...

 

É UMA VERGONHA O QUE SE PASSA NO NOSSO PAÍS! UMA TOTAL FALTA DE RESPEITO!

 

Fica aqui o link para quem quiser ler!

 

https://navegantes-de-ideias.blogspot.com/2018/11/os-sinais-de-transito-do-distrito-de.html

 

Um abraço a todos e em especial para as gentes que viveram o inferno dos incêndios de 2017

 

Mas afinal o que é uma boa fotografia?

26.11.18 | Paulo Brites

DSC_2855-1.jpg Nikon D3200, 18-55mm @ 29mm, f/8, 1/250s, ISO 100

 

O que é a fotografia? Arte? Recordações? Mas afinal o que é uma boa fotografia? Enquadramento? Focagem? Mensagem? … Não! Uma fotografia é somente uma fotografia! Não há nenhuma que sem palavras ou memórias, seja uma boa fotografia!

 

"Olá, que estás a fazer?

O jantar.

O que é que vais fazer?

Um poema…

Só um poema, ou alguma coisa para acompanhar?

Sim, vou juntar-lhe o tempo…

e meia dúzia de pensamentos, dos mais pequenos…

Posso ajudar-te?

Claro, fazemos para os dois.

Passa-me aquelas palavras…

Quais?

As que estão por aí sem norte, desarmadas e frias.

E servem?

Vais ver, tenho um truque que as torna de ler e chorar por mais.

Não estão duras?

Com um pouco de paciência e cozedura lenta, amolecem.

Espera, preciso de bater primeiro o coração.

Queres que bata?

Bate comigo, os dois somos o número ideal.

Põe mais beijos…

mais, não deixes cair muitos de uma vez.

Tem já uma bela cor!

estou a ficar cheio de fome.

então pega no meu corpo e aquece-o,

Não deixes queimar, mexe sempre os olhos,

repara na cidade e nas sombras que diminuem.

cuidado não vá engrossar esse modo de ser.

Já podemos juntar tudo?

Falta-me a ternura, não sei se restou alguma,

tive um poema enorme a semana passada.

espera, já cresceram mais umas folhas.

Apanha com cuidado, para a deixar crescer outra vez.

Agora basta que me tenhas e me queiras,

Junta o ramo de cheiros que a tua memória colheu

Cheira, como é boa essa pitada de loucura que juntaste.

Vá, senta-te, Vou servir.

Pão?

Não, prefiro assim.

Traz o vinho

Tinto?

Claro, e tu senta-te, não quero começar sem ti."

 

Jorge Bicho, in Por dentro das palavras ,Lua de Marfim, 2011

Viva! Sou rico, tenho o depósito cheio! Bora lá …

24.11.18 | Paulo Brites

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Bora ... mau, que aconteceu?

...

- Senhor policia o que se passa?

- Um acidente senhor condutor! Tem que ter paciência mas temos a estrada cortada!

 

Bem, os homens são deveras organizados e cumpridores do seu serviço, que um agente da autoridade, com traje civil e sem qualquer identificação, me comunicou que poderia ir em sentido contrário na auto-estrada – tinha era que ir com cuidado e os 4 piscas ligados …

 

Lá fui … entrei numa estrada municipal, todo feliz da vida, porque finalmente lá ia eu usufruir da sensação de riqueza financeira, de depósito cheio, lá comecei a minha viagem.

 

Mas ser rico não é só ter o depósito da viatura transportadora cheio de líquido Árabe tão precioso – tanto o é, que os nossos governantes enriquecem à custa dele – ser rico e fino é mais do que isso! Sim é ter uma daquelas coisas que fala connosco. Um tal de sua graça: GPS.

 

Assim foi … vá de ligar tão importante instrumento, que se não fosse a sua existência, teríamos que fazer o mesmo que Bartolomeu Dias. Lá teríamos que viajar, orientados pelas estrelas. O problema é que estava a chover, estava nublado e com toda a certeza, essa velha forma de navegação, não iria ter muito sucesso.

 

Mas como dizem os apoiantes e simpatizantes bloquistas: estasse bem! Afinal a companhia de viagem era uma estrela de um brilho deslumbrante!

 

Vire na 1ª à direita a 300 metros … vire na próxima à esquerda a 424 metros … e lá se ia viajando, cego, com a beleza da estrela que me acompanhava, nem os sentidos de orientação funcionavam … só flutuavam!

 

Vamos por aqui? Por acolá? Entramos já na auto-estrada? Hummm … os euros cada vez valem mais centimos e lá me lembrei que afinal não era assim tão rico. O melhor seria poupar uns cruzados e evitar a auto-estrada …

 

O dito aparelho lá continuava a debitar informação: na próxima rotunda saia na 2ª à direita … atenção senhor condutor, está a exceder o limite de velocidade, reduza para 50 km hora … mantenha-se na faixa da sua direita …

 

Do nada, lembrei-me de umas iguarias sul-ribatejanas, que modesta a parte, considero as melhores que já comi – queijadinhas do Porto Alto. Claro que para quem não conhece, são feitas de queijo ou requeijão, não são daquelas que as pessoas resolveram rebatizar e chamar queijadas de laranja ou cenoura. Como se tal fosse plausível da utilização do termo queijada! As horas estavam a avançar rápido demais e a dita casa mãe dessas queijadas, já tinha encerrado.

 

Sem problema, com a companhia agradável da estrela e do GPS lá se seguia viajem. Vire à direita … depois à esquerda … siga em frente … e quando se olha para o relógio, já eram horas de estar no destino!

 

Fazendo mais uma referência bloquista à coisa: sem crise, vamos nessa! E como aventureiros, guiados pela tecnologia, a viagem continuou. Mais uns vira para ai, vira para aqui, lá se ia seguindo.

 

- Olha há tanto tempo que não passava por aqui! Bebia café sempre aí ... 

- Agora já não dá, não podemos voltar atrás na auto-estrada.

 

A navegação via Google lá continuava … e claro, deveremos sempre confiar no Google, afinal o gajo sabe tudo! O problema é quando o Google e a Brisa têm parceria e não nos indica o melhor caminho, mas sim o caminho por eles contratados e combinados.

 

Seria normal viajar no sentido norte e ter as localidades a sul cada vez mais longe. Não! As localidades a sul estavam cada vez mais próximas … a chuva continuava a cair como se não houvesse nuvens amanhã.

 

- Estamos no sentido errado!

- Achas? Alguma vez! Não … vamos bem …

 

E na verdade para o GPS estávamos bem! Sim, o GPS teve uma crise de nostalgia. Talvez nos dias anteriores, tivesse lido o famoso livro de Almeida Garrett – As viagens na minha terra, e lembrando a Joaninha e o Carlos, por força que teria que ir conhecer a janela onde o romance deles começou.

 

Lá passei 2 vezes por terras onde o Frei D. Dinis ia 2 vezes por semana dar as novidades, mas sem parar na casa da senhora D. Francisca. Afinal o depósito do automóvel já tinha descido um pouco.

 

Como se o GPS tivesse ouvidos, lá navegou outra vez até à taberna onde muitas vezes bebia café. Claro que na 2ª passagem lá se parou. Repor a cafeina necessária para a continuação da viagem, era algo, necessário e aconselhável.

 

Passado essas voltinhas por terras de Joaninha e Carlos, lá se retomou a direção correta. Ciente que o 13 nem sempre é o número do azar, confiei novamente no tão belo e apaixonante instrumento de navegação … e … mais uma vez, o caminho escolhido por tão nobre instrumento, teve influências literárias. Desta vez foi: “Os contos do Pastor”, um belo livro de Ana Nunes que conta contos de pastores por serras de Pampilhosa.

 

Lá tive que alterar a forma de navegação e, resolvi confiar em algo menos apaixonado por obras literárias … o depósito estava vazio, e, eu, novamente pobre.

 

E pronto … nada que uma viagem de 4 horas não tivesse a sua beleza, nas 8 horas em que ocorreu!

 

Relembrando e citando o Mário Gil e o Roberto Leal:

Pelos caminhos de Portugal,

Eu vi tanta coisa linda

Vi um mundo sem igual.

 

Se podemos confiar no GPS? Claro que sim! Não seria a mesma coisa … e não teria qualquer piada uma viagem pelo interior do nosso tão bonito país! Voltei a ser pobre, o bendito líquido Árabe tinha terminado … mas estava feliz! Tinha conseguido chegar ao destino são e salvo!

 

Já agora e só por curiosidade - não era o fim do mundo, mas já foi! Já foi um verdadeiro inferno!

 

Um abraço às suas gentes!

Haverá tradição do que era tradicional?

22.11.18 | Paulo Brites

DSC_1886-1-4.jpg Nikon D3200, 18-55mm @ 35mm, f/5,6/125s, ISO 125

 

Entende-se por “tradições”, o conjunto de conhecimentos populares, hábitos, usos e costumes que distinguem alguma comunidade. Esses e outros dados que formam o conjunto, são o resultado de longa vivência e um certo gosto que se herdou dos antepassados e que, se transmitem de geração em geração. Certo que existe transformações e evoluções. No entanto, a base terá que se manter.

O Alentejo é uma região repleta de tradições, tanto em termos arquitetónico, culturais, como em hábitos e costumes - que são só nossos.

Mas uma das maiores riquezas tradicionais alentejanas é sem dúvida, a gastronomia. Não deixa ninguém indiferente. O pão, a carne do porco alentejano (que hoje infelizmente foi rebatizado em porco preto – não existe nenhuma raça chamada de porco preto. O que existe é uma raça chamada de: Porco Alentejano) e seus derivados, as migas … as açordas. O borrego, a cabra que nos dá o excelente queijo, o vinho … enfim uma panóplia de produtos, todos eles de elevada qualidade.

Mas existe algo acima disso tudo. Existe o património imaterial que a natureza nos dá e que, os nossos antepassados nos deixaram em condições, para que todos nós os possamos consumir!

Será que a evolução das “tradições” irá terminar com esse património? O que será do peixe do rio sem a hortelã da ribeira? E o calducho sem os poejos? As omeletes sem espargos? O grão sem os cardos? Entre muitos e muitos outros …

Para além de preservar os nossos pratos, é urgente, preservar a natureza que lhes dá os ingredientes e sabores, para que, continuem a ser considerados – Pratos Tradicionais Alentejanos!

Todos nós temos o dever de manter e preservar esse património imaterial, que é a terra e o que dela retiramos, no entanto, pouco ou nada vejo por parte de entidades públicas e oficiais, na sua conservação e, inversão no caminho destrutivo que infelizmente foi “tomado” há alguns anos a essa parte.

Será o fim de linha de muitas das nossas tradições gastronómicas? Acredito piamente, se o caminho não for alterado e salvaguardado, será mesmo o fim de linha de muitos e muitos pratos tradicionais que hoje conhecemos e degustamos!

Será que a tradição se está a rescrever de tal forma, que, somente nos livros será possível cheirar esses ingredientes? … talvez!