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Diz à mãe para migar as sopas ...

Diz à mãe para migar as sopas ...

Dia internacional do riso ou do sorriso e, os erros gramaticais

18.01.19 | Paulo Brites

Aumentare le vendite con il sorriso Marcello Di Ba

 

Há pouco, numa estação de rádio, falava alguém sobre erros de Português. Na opinião de tão nobre e ilustre “Doutora Gramatical”, lá foi dizendo que: Os Portugueses mal tratam a nossa língua, como por exemplo, a aplicação de um adjetivo de “grandeza” junto de um diminutivo.   

“Sorrisinho”; “Beijinho”; “Coraçãozinho”; “Saudadinha” e, os demais “inhos e inhas” são por si um diminutivo. Assim sendo, um diminutivo nunca pode ser grande. Muitas vezes dizemos: um sorrisinho grande; um beijinho grande; um abracinho grande; um coraçãozinho grande; saudadinhas grandes … e por ai fora!

 

Bem, eu aceito todas as opiniões. Mas afinal como ficamos em termos de Português? Será isso um erro gramatical e linguístico?

 

Reconheço que o meu Português é, uma das minhas muitas lacunas pessoais. Isso não significa, que não faça o meu exercício sobre tão nobre língua.

 

Um sorrisinho ou um beijinho, por si só, já significa que é pequeno. No entanto, poderemos ter sorrisos e beijos maiores do que os outros. Não significa por si só, que se enviarmos um beijinho a alguém que nos é querido, esse beijo seja somente um beijo de respeito. Poderemos enviar um beijinho sem que o mesmo, tenha como destino, por exemplo, a face ou a testa de quem o recebe. O mesmo acontece com o sorriso. Um sorriso, poderá ter muitos motivos para ser emitido. Assim, existem sorrisos grandes e pequenos, tal como gargalhadas mais sonoras ou menos sonoras. Já quanto ao beijo, que me desculpe “Doutora Gramatical” – não há beijo grande nem beijo pequeno! Há beijos mais demorados ou mais rápidos!

 

Quando um português diz: um beijinho; Ele está a enviar ou a demonstrar um acto de carinho, quer seja como despedida ou como cumprimento de alguém que nos é querido.

 

“Doutora Gramatical” que me desculpe, mas também não concordo consigo, quando diz que: “um beijinho grande” é o maior erro gramatical que um casal apaixonado poderá ter. Não sei se a “Doutora Gramatical” está ou alguma vez esteve apaixonada. Eu, um apaixonado do tamanho do mundo, quando digo: “um beijinho grande”, não estou preocupado com a gramática, estou sim, é apaixonado e a demonstrar essa paixão, a quem esse “beijinho grande” é destinado.

 

Eu, um plebeu linguístico, não concordo consigo “Doutora Gramatical”! Um diminutivo em português, também serve para transmitir uma conotação carinhosa e, a ela poderemos perfeitamente, acompanhar de um adjetivo de grandeza, sem que, o mesmo seja um erro de Português. Por exemplo, “O meu filhinho está muito grande, está cada vez maior” ou “Baixinha, estás cada vez maior, amo-te”

 

Enfim, a mania dos “Doutores Gramaticais” ter a lógica linguística toda arrumadinha, será a melhor forma de preservar a nossa língua? Acho que não! Um pouco de romantismo não lhe faria mal!

 

Se há “coisas” que neste português me intrigam, não é a conotação carinhosa de um diminutivo acompanhado de um adjetivo de grandeza mas sim, porque chamamos um par de cuecas a uma cueca!

 

Bruxa é uma coisa má – Bruxinha é uma coisa boa! Trengo é uma coisa sem jeito – Trenguinho é alguém amoroso! Abraço nunca é algo que se faça sozinho, abraçar é necessário mais que um, então porque não eliminamos essa palavra da nossa língua?

 

“Doutora Gramatical” deixe-se de merdas ou merdinhas (grandes ou pequenas), apaixone-se e, disfrute da vida! Beijinhos grandes! Já agora e porque hoje é o dia internacional do sorriso, um sorrisinho grande também para si!

 

Para além da curva da estrada

09.01.19 | Paulo Brites

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Para além da curva da estrada

Talvez haja um poço, e talvez um castelo,

E talvez apenas a continuação da estrada.

Não sei nem pergunto.

Enquanto vou na estrada antes da curva

Só olho para a estrada antes da curva,

Porque não posso ver senão a estrada antes da curva.

De nada me serviria estar olhando para outro lado

E para aquilo que não vejo.

Importemo-nos apenas com o lugar onde estamos.

Há beleza bastante em estar aqui e não noutra parte qualquer.

Se há alguém para além da curva da estrada,

Esses que se preocupem com o que há para além da curva da estrada.

Essa é que é a estrada para eles.

Se nós tivermos que chegar lá, quando lá chegarmos saberemos.

Por ora só sabemos que lá não estamos.

Aqui há só a estrada antes da curva, e antes da curva

Há a estrada sem curva nenhuma.

 

Para além da curva da estrada - Alberto Caeiro