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Diz à mãe para migar as sopas ...

Diz à mãe para migar as sopas ...

A gastronomia alentejana, os galos de “aviário”, os seus adornos e adornados!

18.12.19 | Paulo Brites

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Quem é alentejano sabe do que falo. Quem não é alentejano, percebe o que escrevo. A gastronomia e em particular a alentejana, definitivamente entrou na moda! Se isso é mau? Não! O que é mau, é o elitismo que algumas modas fomentam. Particularmente aqueles, que nelas vão.

A gastronomia alentejana sempre foi, é e será, uma gastronomia do povo e para o povo. Querer fazer dela algo elitista, é o primeiro grande erro na sua defesa.

Na sua origem está o povo! Na sua base, a terra, a serra, os rios e ribeiros e, os produtos deles retirados. Na sua existência, o passar de testemunho de geração em geração, com a sabedoria de matar a fome com o pouco que havia. Na sua preservação, o convívio simples e salutar, que na sua mesa, acompanhada do cante, reunia e reúne os amigos e familiares. No seu futuro, estará sempre a humildade da sua própria característica!

Quando se esquece a sua origem. Quando se quer dela fazer algo de elitista. Quando em nome dela, nos queremos afirmar e tornar populares. Quando em nome dela, a queremos defender de forma maçónica. Quando alguém, com um cordão dourado e chumbo ao pescoço, em seu nome (gastronomia alentejana), constantemente só a apresenta em palácios, catedrais, conventos e salas similares … que veda e dificulta o seu acesso ao povo, se esquece dele que é o seu dono, bem, a gastronomia alentejana nunca foi, nem será isso!

A todos aqueles que na ausência de um título académico, se auto-denominam gastrónomos, é bom não esquecer que: A gastronomia alentejana é do “Ti Manel, da Ti Maria do Ti Jaquim, da Ti Zabel”.

Faisão não é perdiz! Cortiça não é cristal! Terrina não é “barranhão”! Cobre não é barro! Se assim é, que a "moenga" seja sempre o norte! Que a bolota castanha seja sempre castanha, e não azul!

Que se preserve as suas características e não se queira ser mais papão que o papa!

Um bem-haja a todos, que a amam, a bem tratam e a preservam! Aos outros, que deixem os “veados” para os titulados e sua pobreza! O porco, para os analfabetos e sua simplicidade!

Um viva à gastronomia alentejana da “galinha livre” e não, do galo de “aviário” e dos seus adornos!

Boas açordas a todos, um abraço!